Estudo vincula tamanho da placenta a doenças cardíacas no futuro.

Eu estava lendo uma ótima matéria que me chamou muita atenção em um site e achei super interessante poder dividir com vocês, vale muito a pena ler, pois fala como uma alimentação rica ou pobre em nutrientes durante a gestação pode comprometer toda a vida do nosso filho.



Uma estrutura fina e gelatinosa, que se desenvolve na gestação e é descartada depois do parto. É quase tudo o que a maioria das pessoas sabe sobre a placenta. Esse órgão temporário, porém, tem um papel muito mais importante que proteger o bebê. Graças a ele, a gravidez evolui e o feto consegue receber os nutrientes necessários para se desenvolver. Problemas no tamanho da placenta podem ter consequências futuras muito mais graves do que se pensa. De acordo com um estudo publicado pelo European Heart Journal, doenças cardíacas na vida adulta estão relacionadas à anatomia do órgão.

Autor de best sellers nos Estados Unidos, o médico David Barker, diretor de uma fundação que leva seu nome e pesquisador do Centro de Estudos do Coração de Oregon, estuda, desde a década de 1970, o vínculo entre doenças crônicas e vida uterina. Seu artigo mais recente baseou-se em um estudo epidemiológico na Finlândia, com dados de 6.975 homens nascidos entre 1934 e 1944, uma época em que os hospitais registravam o peso da criança ao nascer, assim como o da placenta. Os arquivos também tinham informações sobre o peso, a altura e a idade da mãe no fim da gestação.

Usando um número de identificação pessoal que cada cidadão finlandês recebe quando é registrado, os pesquisadores conseguiram identificar todas as admissões em hospitais e mortes por doenças coronarianas desses homens, no período entre 1971 e 2003. No total, eles descobriram 655 casos de problemas cardíacos (infarto do miocárdio e isquemias) na população estudada — 211 pacientes morreram em decorrência disso. 

Em entrevista ao Correio, Barker explica que o estudo se concentrou no sexo masculino porque as mulheres são menos vítimas de doenças coronarianas do que os homens.

A partir de métodos estatísticos, os cientistas constataram que o peso, a altura e a idade das mães não estavam relacionados à probabilidade de se desenvolver problemas no coração. O baixo peso ao nascer, o índice ponderal menor do que a média (veja infografia) e o tamanho da placenta, contudo, tinham associação com as doenças na vida adulta. “Tanto o peso baixo da placenta quanto o alto, proporcionais ao peso da criança ao nascer, foram fatores de risco para o desenvolvimento de doenças coronarianas no futuro. Isso indica que o tamanho da placenta faz com que o feto ‘programe’ as doenças do coração”, diz o artigo.

“O coração já está completo no nascimento, e sua estrutura, que determina o risco futuro de doenças coronarianas, é moldada pela estrutura da placenta, por meio da qual o coração bombeia o sangue e o feto recebe os nutrientes”, afirma Barker. Ele explica que o órgão temporário, que também é parte do bebê dentro do útero, captura os nutrientes do sangue da mãe e os transporta até o feto. Para o cientista, “o desenvolvimento da placenta e os alimentos que ela fornece são a chave para a saúde da vida inteira”.

Importância

A placenta tem três funções fundamentais. “Ela é o portão entre a mãe e o bebê, transferindo comida da mãe e resíduos do feto; ela produz os hormônios necessários para manter a gravidez; e protege o bebê do sistema imunológico da mãe, que poderia atacá-lo caso o identificasse como um ser estranho, já que metade dos genes do feto vêm do pai”, enumera o cardiologista. O desenvolvimento do órgão começa quando o embrião se implanta no útero da mãe, cerca de oito dias depois da concepção. Na 10ª semana de gravidez, a placenta já é totalmente funcional. Por ser um órgão tão importante, qualquer anomalia pode resultar em problemas futuros. No estudo, os cientistas descobriram três combinações entre o corpo da mãe e o formato da placenta que indicam a probabilidade de a criança sofrer de doenças cardíacas na idade adulta.

No caso de mulheres baixas, na primeira gestação e com uma placenta em formato oval, o risco está associado à largura: cada centímetro a mais na diferença entre o comprimento e a largura aumenta em 14% as chances de a criança sofrer de problemas coronarianos na idade adulta. Placentas pequenas em mulheres altas e pesadas aumentam o risco em 25% para cada 40cm² de redução do tamanho do órgão (comparando-se a um normal). Já entre as mães altas e muito magras com placentas grandes, a probabilidade cresce 7% para cada 1% de aumento do órgão, também comparando-se a um normal. Barker lembra que, para excluir qualquer outro fator de risco externo, como alcoolismo e tabagismo, os cientistas pesquisaram a fundo a ficha médica dos homens que compuseram o estudo.

O cardiologista explica que, na primeira combinação, uma placenta com superfície oval indica que a implantação do órgão foi interrompida no início da gravidez, causando a má nutrição do feto, o que, de acordo com ele, está relacionado ao desenvolvimento de doenças cardíacas na vida adulta. Na segunda combinação, a explicação é que o subdesenvolvimento da placenta afeta, no meio da gestação, o crescimento do feto, também porque restringe sua capacidade de absorver os nutrientes da mãe. O último caso relaciona-se à forma como a mãe se alimenta durante a gestação. “Altura indica boa nutrição antes da gravidez, mas o índice corporal baixo mostra uma pobre ingestão de alimentos nutritivos durante a gestação”, diz.

Para um dos coautores do estudo, Eero Kajantie, do Departamento de Cuidados 

Primários da Universidade de Helsinki, mais estudos precisam ser feitos para comprovar a relação entre o formato da placenta e o risco de desenvolvimento de doenças coronarianas na idade adulta. Ele, porém, não tem dúvidas de que a nutrição na fase intrauterina é fundamental para a saúde do indivíduo. “Doenças crônicas são o produto do estado nutricional da mãe e do desenvolvimento do feto. Não é apenas uma consequência de um estilo de vida pouco saudável na vida adulta”, diz ao Correio. Por isso, ele defende que, quanto mais a gestante cuidar da alimentação, maior a proteção que estará oferecendo ao filho, para o resto da vida.

Tanto o peso baixo da placenta quanto o alto, proporcionais ao peso da criança ao nascer, foram fatores de risco para o desenvolvimento de doenças coronarianas no futuro. Isso indica que o tamanho da placenta faz com que o feto ‘programe’ as doenças do coração”. Trecho do artigo de David Barker, pesquisador do Centro de Estudos do Coração do Oregon

Fonte: CORREIO BRASILIENSE – DF

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